Dados Epidemiológicos
Em relação à mortalidade infantil, pode-se observar uma trajetória descendente, com início na década de 1970. Em 2015, a taxa de mortalidade infantil atingiu o nível mais baixo, chegando a 10,70 por mil nascidos vivos. Os principais componentes da mortalidade infantil mostram que 50% das mortes observadas em 2015 ocorreram nos primeiros sete dias de vida, correspondendo à mortalidade neonatal precoce; 20% dos óbitos de crianças com 7–27 dias considerados como mortalidade neonatal tardia e 30%, com 28–364 dias, definidos como mortalidade pós-neonatal.
No entanto, observa-se que o distrito norte não acompanha a queda na mortalidade infantil ocorrida no município, persistindo acima dos 20 por 1.000 nascidos vivos e com o componente pós-neonatal ainda responsável por mais de 50% dos óbitos infantis (GRÁFICO 19).
A mortalidade materna também tem mostrado declínio nos últimos anos, embora num ritmo mais lento do que o observado na mortalidade infantil. Em 2015, a taxa de mortalidade materna foi de 29,3 por 100.000 nascidos vivos. Os óbitos por causas maternas de residentes em POLIS foram devidos a causas diretamente ligadas ao pré-natal, parto e puerpério e apenas um por causas indiretas.
Do mesmo modo que a mortalidade infantil, a queda na taxa de mortalidade materna não foi homogênea em todos os distritos, destacando-se a região oeste com as maiores taxas ao longo dos anos. Com relação à taxa de parto cesáreo, observa-se um crescimento em todos os distritos de POLIS, atingindo 42%, acima dos níveis recomendados pela OMS, de 15%. Os óbitos de menores de cinco anos de idade em POLIS encontram-se abaixo da média estadual. A taxa de mortalidade entre adolescentes e adultos jovens em POLIS (113,32/100.000) também está abaixo do percentual encontrado no estado (121,76/100.000).
O perfil de mortalidade em POLIS mostra que as três principais causas de morte no município são as mesmas do estado de São Paulo e do Brasil, no ano de 2015. Em primeiro lugar estão as doenças do aparelho circulatório, seguido das neoplasias. Este perfil é característico do fenômeno da transição epidemiológica, em que as doenças e agravos não transmissíveis passam a responder pela maioria dos óbitos, em função do processo de envelhecimento da população, da melhoria de acesso aos serviços de saúde, do longo período de latência para o surgimento dessas doenças e o estilo de vida em nossa sociedade.
OBS: A AIDS representa o principal componente das doenças infecciosas e parasitárias.
Gráfico 2 - Mortalidade por causas selecionadas em 2014 (por 100.000 hab.)
Figura 1 – Mortes por neoplasias conforme o sexo (por 100.000 hab)
As coordenações de Vigilância em Saúde Ambiental e de Vigilância Epidemiológica atuam de forma integrada na regulação e notificação de agravos relacionados ao trabalho e ambiente em POLIS.
- Riscos sanitários, ambientais e ocupacionais
- Em 2015, as equipes de vigilância de POLIS contabilizaram 59 áreas contaminadas sujeitas à vigilância e ao controle quanto aos riscos sanitários, ocupacionais e ambientais, 35 das quais cadastradas oficialmente pelo órgão estadual de controle ambiental e as demais classificadas como suspeitas e indicativas de investigação.
- A gestão de resíduos urbanos tem tido a participação dos agentes de saúde no município, a partir dos programas de controle de dengue e zoonoses prevalentes, como leptospirose. As equipes de vigilância também são acionadas para atendimento emergencial ao descarte criminoso de resíduos em áreas públicas, sendo responsáveis pelas providências na perspectiva de correção e prevenção desses eventos.
- A geração diária de resíduos domésticos urbanos varia em torno de 0,7 a 1 kg/habitante/dia e de resíduos da construção civil, em torno de 3 kg/habitante/dia. As políticas de controle da qualidade do ar estão em estágio incipiente. POLIS possui uma frota de mais de 500.000 veículos em circulação, atingindo índice de um veículo para cada dois habitantes.
- A poluição eletromagnética, originada do funcionamento de sistemas de rádio e telecomunicação sem fio, tem recebido tratamento diferenciado no município, a partir de pioneira legislação municipal que disciplina a matéria, particularmente a partir da expansão dos sistemas de telefonia móvel.
- Fauna urbana
- A fauna urbana de POLIS caracteriza-se pela grande presença de animais sinantrópicos e domésticos, com destaque para a população de roedores, pombos, cães e gatos. A estimativa populacional aponta uma relação população humana: cão de 7:1 e de gatos de 18:1. A população de morcegos é diversificada, incluindo morcegos hematófagos. Temos a presença de equinos na área urbana, bem como criações de suínos e ruminantes. Apesar da crescente urbanização ainda há persistência de pequenas criações de animais na área rural.
- Principais agravos relacionados ao trabalho
- Os usuários de motocicleta, especialmente os trabalhadores do trânsito, representam a parcela mais significativamente envolvida em acidentes com vítimas fatais e com sequelas graves.
- Outros trabalhos informais, também considerados vulneráveis, relacionam-se aos extratores de areia e catadores de material reciclável, tendo havido pouca mudança do perfil epidemiológico, por essas causas, nos últimos 10 anos.
- Registrou-se aumento de casos de lesão por esforço repetitivo – LER, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho – DORT e de perda auditiva induzida por ruído – PAIR, bem como cânceres relacionados ao trabalho, intoxicações exógenas, transtornos mentais e acidentes com exposição a material biológico.
Os acidentes e violências vêm ganhando cada vez mais importância no perfil epidemiológico de POLIS nos últimos anos. Neste grupo, que também é denominado de causas externas, os acidentes de trânsito lideram as causas de morte no município, superando as causas por outras violências, como por exemplo, arma de fogo e outras agressões. Cabe ressaltar que dentre os acidentes, aqueles que envolvem a utilização de motocicletas são a principal causa de óbitos por causas externas em POLIS.
Gráfico 1 – Comparativo da taxa de mortalidade em acidentes de trânsito (por 100.000 hab.).
A taxa de mortalidade em acidentes com motociclistas aumentou no relatório de notificações divulgado em 2014, já a de outros veículos reduziu, como pode ser visto no Gráfico 1. O risco de morte por acidentes de moto é diferente de acordo com a idade e o sexo. Os homens com idade entre 15 a 34 anos são a maioria das vítimas fatais por acidentes deste tipo. Além disso, em POLIS, os homens têm o risco 10,6 vezes maior de morrer de acidente de moto do que as mulheres.
No que diz respeito à violência em POLIS, é possível observar um crescimento nas notificações contra crianças e adolescentes, as quais corresponderam a um total de 674 registros em 2015. O número de casos de agressão contra idosos também vem aumentando em POLIS, com um total de 79 registros em 2015. Quando analisado o tipo de violência, observa-se que no mesmo ano a violência física correspondeu a 36,7% dos casos registrados e com relação ao grau de parentesco do agressor com a vítima, mãe/pai totalizou 36,8% dos casos notificados.
As violências e acidentes são monitoradas em POLIS através do VIVA-SINAN e VIVA – inquérito. Os maiores notificadores são as unidades de pronto atendimento. A violência contra a mulher continua a mais prevalente, configurando 72% dos casos, sendo a predominância na faixa etária de 20 a 34 anos. Os dados relacionados a cor/ etnia são de preenchimento falho, além de inexistirem os dados relacionados a opção/preferência sexual. Os casos de homofobia chegam ao setor saúde por meio das ONGS, mídia ou Coordenadoria Municipal da Diversidade e também apresentam uma tendência de aumento.
O Consultório na Rua tem observado um aumento do número de atendimentos dos moradores de rua, principalmente de jovens usuários de crack. Foram identificadas duas cenas de uso frequentadas pelos moradores de POLIS. O Consultório na Rua referência, quando necessário, os casos para o CAPS Ad. Muitos pacientes do Consultório na Rua são também usuários dos equipamentos (albergues, casas de acolhimento) da Secretaria de Assistência Social que formalizou convênio com o Governo Federal dentro do Programa “Crack é possível vencer”.